Aos 27 anos, Romulo Neto sabe o que quer da vida. Ao contrário de seu personagem em Império, o boa-vida Robertão, ele precisou ir à luta para obter suas conquistas. “Sempre soube que tinha um caminho de sacrifícios para chegar aos meus objetivos”, diz. Esses sacrifícios, ele conta, começaram com a morte do pai, o ator Rômulo Arantes, em um acidente de ultraleve em 2000. Ali ele se viu perdido. “Fiquei ferrado muito tempo. Colocava essa raiva, essa frustração, no esporte”, afirma. Depois, conheceu as drogas, a farra das noitadas, a bebida. Mas diz que se recuperou. Está em outra fase. “Hoje faço terapia bioenergética, que funciona com meditações”, explica o ator.
A estreia na TV veio aos 20 anos, em Malhação. Antes, desde os 18, ele trabalhava como modelo em campanhas publicitárias. Sobre seu atual papel no horário nobre, um galanteador que atrai tanto os olhares de Érika (personagem de Letícia Birkheuer) quanto os de Téo Pereira (Paulo Betti), Romulo conta que abusa da sensualidade. “Tenho uma aparência positiva”, diz, sem modéstia. Na vida real, namora Cleo Pires. “Quando você aflora para o amor, as coisas fluem em todas as áreas da vida”, continua ele, que mora com a atriz há um ano.
QUEM: Em Império, seu personagem vive às custas da família e nem pensa em trabalhar. Já teve momentos como os dele?
Romulo neto: Robertão é um cara amoral, preguiçoso, sem ética, que não aprendeu a batalhar para atingir os seus objetivos. Eu sempre tive os meus e fiz por onde conseguir obtê-los. Fui atleta de natação durante anos e essa base me fez aprender a ralar para chegar aonde eu queria. Sei que tem um caminho de sacrifícios para chegar aos meus objetivos.
QUEM: Robertão se acha bonito e tem um apelo grande com as mulheres. E você? Também se acha assim?
RN: Tem dias em que não me acho bonito. Mas sou um cara positivo, tenho autoestima e isso me traz uma satisfação com minha estética que independe da minha plástica. Me acho um cara saudável e reconheço que tenho uma aparência positiva.
QUEM: Durante anos você foi atleta. Como era a vida nos esportes?
RN: Comecei com meses de vida na natação. Aos 6 anos, meu pai me colocou para competir. Eu era o pupilo dele e ele, o meu treinador. Era tal pai, tal filho. Eu treinava e atingia os resultados. Minha vida era natação, colégio e inglês. Tinha uma seriedade que não era normal para um jovem. Fui federado, ganhei campeonatos estaduais, cariocas, Sudeste do Brasil. Fui considerado um dos dez melhores nadadores do Brasil e ganhei 140 medalhas.
QUEM: O que guarda dessa relação de pai e filho?
RN: Eu sempre fui muito independente. Meus pais eram separados e a minha ligação direta era com o meu pai. Éramos grudados! Morei com a minha mãe (a arquiteta Adriana Junqueira) até os 7 anos, depois, até os 13, com o meu pai. Após o acidente, voltei a morar com ela. Fui aprendendo a conviver com essa parte da família com o tempo.
QUEM: Como administrou a falta do seu pai na sua vida?
RN: Fiquei ferrado muito tempo! Colocava essa raiva, essa frustração, no esporte. Tudo meu é agressivo fisicamente falando. Meu soco é forte demais, minhas braçadas na piscina, no mar também... Minha válvula de escape é o esporte e eu procurava fazer com que a vida ficasse mais leve.
QUEM: A revolta o levou a conhecer as drogas?
RN: Nessa fase experimentei cerveja, maconha e algumas outras coisas, mas nunca foi a minha praia. Experimentei por liberdade, independência, raiva, rancor... Mas eu era ligado ao esporte, cresci com a energia da natureza, e foi isso o que me ajudou a não entrar de vez nas drogas. Comecei novo a beber socialmente, mas não era meu forte. Com a morte do meu pai, fiz um caminho independente, individualista.
QUEM: Como saiu dessa?
RN: As terapias me ajudaram bastante. Fiz em família, individualmente e hoje faço a bioenergética. Essa é uma terapia que não te dá muita conversa, funciona através de meditações. Você escolhe o que vai trabalhar: a autoestima, a sexualidade, o foco... Daí você faz um exercício focado na respiração, expandida por movimentos físicos. Ela lida com o ponto do seu corpo que está travado e acaba trazendo à tona certas coisas que estão ali, estáticas.
QUEM: Você e Cleo estão juntos há um ano e meio. O que ela acrescentou à sua vida?
RN: O compromisso comigo mesmo, a parceria em saber que tem alguém ali para você. Com ela, me abri para o amor. Eu era travado! Ela me ensinou a não ser desconfiado, o que me trouxe leveza na vida, amadurecimento, melhor autoconfiança. Me trouxe também um relacionamento melhor até no trabalho. Quando você aflora para o amor, as coisas fluem em todas as áreas da vida.
QUEM: Pretendem oficializar a união com um casamento?
RN: Tenho vontade de oficializar a nossa união, não sei se com festa. Temos uma coisa tão nós dois, tão especial, forte, que às vezes um jantar com a família e ir embora para um lugar paradisíaco namorar bastante está de bom tamanho.
QUEM: E o sexo na vida de vocês? Rolam fantasias?
RN: Sexo na nossa vida é parceria de amor, um complemento saudável e prazeroso, mas não é o principal, nem de longe. É bem explorado, resolvido, saudável, importante, mas não o fundamental. A nossa comunicação sexual flui maravilhosamente.
QUEM: Cleo já disse que era “autoafirmativa em relação ao sexo” e você a fez ver isso com outros olhos.
RN: Eu também me sentia autoafirmativo no sexo, só que não dá para os dois ficarem nesse lugar. Então vamos entrar num consenso? Vamos chegar ao meio-termo? Vamos fazer uma troca? Houve esse processo de adaptação e foi maravilhoso. Criamos uma igualdade entre os dois sem disputa, sem ego. Fez parte do nosso fortalecimento, do nosso relacionamento. Foi um dos nossos pilares sair de um registro sexual já definido.
QUEM: Você teve um vídeo íntimo que caiu na Internet em 2010. Como foi isso?
RN: Nossa, nem fala, fiquei tão triste! Sou leigo com Internet. Teve um momento da minha vida que eu queria acalmar meu ímpeto sexual, não queria me desgastar, não queria trocar energia. Não queria mais sair com quem não tenho intimidade e decidi explorar meu corpo sozinho.
QUEM: Como assim?
RN: Entrei em um site de bate-papo sexual e na primeira vez, deu merda! Não no dia, um ano depois. Estava gravando quando me ligou um ex-agente falando que tinha um vídeo no qual eu me masturbava. Entrei em desespero. Me senti exposto, burro, ingênuo. Não sabia que alguém pudesse estar gravando e muito menos ser tão maldoso. Está em intervenção na Justiça. Me senti envergonhado, machucado!